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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

RECOLHIMENTO COMPULSÓRIO I

Muita gente acha que os bancos podem dispor de todo o dinheiro depositado neles. Na realidade, parte desse dinheiro o banco tem de recolher (ou depositar) numa conta do Banco Central do Brasil, é o chamado RECOLHIMENTO ou DEPÓSITO COMPULSÓRIO. É uma política utilizada pelo governo visando combater a inflação. Quando a inflação começa a subir o governo pode aumentar o percentual do recolhimento compulsório; assim, o Banco Central está tirando dinheiro de circulação, a população com uma menor quantidade de dinheiro vai comprar menos, logo o empresário vai pensar duas vezes antes de aumentar o preço dos seus produtos.
Olhando agora o outro lado: com a redução do percentual do recolhimento compulsório o Banco vai dispor de mais dinheiro, logo isso pode levar a uma redução da taxa de juros e, consequentemente, ao aumento do crédito (aumentando o consumo e o emprego).

Como era o recolhimento compulsório (antes da crise internacional que levou o governo brasileiro a adotar medidas para, pelo menos, minorar os efeitos da crise):

SOBRE O DINHEIRO DEPOSITADO A VISTA: 45%
SOBRE O DINHEIRO DEPOSITADO NA CADERNETA DE POUPANÇA: 20%
SOBRE O DINHEIRO DEPOSITADO A PRAZO: 15%
SOBRE O LEASING (o recolhimento compulsório sobre o leasing está sendo implantado gradualmente): 15%

Como está hoje o recolhimento compulsório após o governo ter tomado algumas medidas com a finalidade dos bancos terem mais dinheiro visando aumentar o crédito:

SOBRE O DINHEIRO DEPOSITADO A VISTA: 42%
SOBRE O DINHEIRO DEPOSITADO NA CADERNETA DE POUPANÇA: 20%
SOBRE O DINHEIRO DEPOSITADO A PRAZO: 15%
SOBRE O LEASING (o recolhimento compulsório sobre o leasing está sendo implantado gradualmente): 15%

NOTA: o recolhimento compulsório referente ao depósito à vista fica “parado”, não recebe qualquer remuneração; já o relativo à caderneta de poupança o Banco Central paga ao Banco a TR(Taxa Referencial) + 3% ao ano; no que diz respeito ao depósito a prazo 30% é remunerado enquanto 70% não sofre remuneração.

OBS.:
a) para simplificar não vamos falar aqui em EXIGÊNCIAS ADICIONAIS, DESCONTOS, e nem em LIMITES MÍNIMOS, isso ficará para outra oportunidade;
b) ficarei devendo também uma explicação sobre a TR-Taxa Referencial.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

SPREAD (MAIS UM PALAVRÃO)

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA” - Folha de São Paulo de ontem, 22.02, pág. B4 do Caderno Dinheiro: “Banco vê erro em debate sobre taxa de juros. Sociedade deve atacar ‘a causa, e não o sintoma’, do ‘spread’ elevado, afirma o presidente da FEBRABAN, Fábio Barbosa. Para executivo, Brasil será um dos poucos países com crescimento durante a crise; mas, mesmo assim, haverá mudanças após turbulência”.

SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA” -
SPREAD: extensão, amplitude, envergadura. Em Economia o spread significa, grosso modo, a margem de lucro do Banco. Quando uma pessoa investe um dinheiro num banco vai receber juros em decorrência desse investimento, ao mesmo tempo o banco, ao emprestar dinheiro a uma outra pessoa, vai cobrar uma determinada taxa de juros, o spread, então, é a diferença entre os juros que o banco cobra ao emprestar o dinheiro e os juros que paga ao investidor. Veja uma explicação bem didática apresentada pelo sociólogo e cientista político Emir Sader (fizemos uma pequena adaptação):

“’Spread' ou a farra especulativa
Emir Sader, 22 de fevereiro, 2004

Entre em um banco e deposite 100 reais em uma caderneta de poupança. O funcionário lhe dirá para retornar daqui a um mês, para receber seus polpudos dividendos, algo como R$ 100,60. Em seguida, ao mesmo funcionário, no mesmo balcão, uma outra pessoa pede 100 reais emprestados. Receberá a resposta de que - além de todos os trâmites de cadastro, garantia, ficha pregressa etc. -, deverá pagar, daqui a um mês, algo como 109 reais.

Essa ''pequena'' diferença - algo como 15 vezes mais - é o que os bancos e os economistas, ministros, presidentes de bancos centrais, e todos os que funcionam como seus ventríloquos, chamam de spread. Em inglês, para melhor disfarçar, como convêm ao economês”.

Num momento em que se fala tanto que uma das saídas para a crise é aumentar o consumo (aumentando o crédito), pois aumentando o consumo a tendência é a empresa produzir mais, logo, gerar emprego, o fato dos bancos não reduzirem o spread não permite que os empréstimos fiquem mais baratos, logo isso limita o consumo. O spread bancário no Brasil é um dos mais altos do mundo.

Composição do spread bancário em 2007 (proporção)
Fonte:
http://www.bcb.gov.br/Pec/Depep/Spread/relatorio_economia_bancaria_credito2007.pdf :

Custo administrativo – 13,50%
Inadimplência – 37,35%
Custo do compulsório* – 3,60% (arredondei)
Tributos e taxas – 8,09%
Impostos diretos – 10,53%
Resíduo líquido – 26,93% (lucro)
TOTAL – 100,00%

Em outra postagem discutiremos mais sobre o spread bancário.

*Depósito (ou Recolhimento) compulsório: explicaremos em outro momento

VOLTANDO

É, a recuperação foi mais difícil e demorada do que eu esperava, tudo por conta das minhas alergias a quase todos os medicamentos. Hoje, 99% recuperado, volto a colocar postagens. E agradeço a compreensão dos leitores(as).