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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

DEFLAÇÃO EM DEZEMBRO

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA”: “FGV: inflação pelo IGP-M em 2008 é a maior em 4 anos
A inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou deflação em dezembro, o que ajudou a reduzir, mas não evitou, a alta apresentada pelo indicador em 2008. Segundo dados divulgados hoje pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o IGP-M caiu 0,13% este mês, ante aumento de 0,38% no mês anterior. No ano, a inflação pelo IGP-M subiu 9,81%, o que representa a maior taxa desde 2004, quando o índice subiu 12,41%. Em 2007, o IGP-M teve elevação de 7,75%.
O período de coleta de preços para cálculo do IGP-M de dezembro foi do dia 21 de novembro a 20 de dezembro.”:
(http://noticias.br.msn.com/economia/artigo.aspx?cp-documentid=16341148) .

SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA”: prometo em outra oportunidade falarei sobre INFLAÇÃO e os diversos ÍNDICES QUE CALCULAM A INFLAÇÃO, mas hoje vamos discutir o IGP-M, por causa dessa nota que está na internet hoje. O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, é uma média ponderada de três outros índices, explico:
o Índice de Preços por Atacado (IPA) tem peso de 60% no IGP-M, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) tem peso de 30% no IGP-M, e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) tem peso de 10% no IGP-M. Complicou? Vou fazer uma analogia para tentar clarear:

quando uma pessoa faz vestibular para Direito, por exemplo, a prova de História tem peso maior do que a de Química; quando uma outra pessoa faz vestibular para Engenharia a prova que tem maior peso é a de Matemática, e por aí vai; então é dessa forma que a FGV calcula o IGP-M, ou seja, o IGP-M é composto por outros três índices, IPA, IPC e INCC, mas cada um desses três índices entra no cálculo do IGP-M com um peso distinto, e tem mais um detalhe:

- o IPA calcula variação de preço de 431 produtos no atacado, ou seja, sem relação direta com o consumidor final;
- o IPC calcula variação de preço de cerca de 388 produtos no eixo Rio-São Paulo;
- e o INCC calcula variação de preço do material de construção e da mão-de-obra, sendo que representa a média do ICC-Índice da Construção Civil de 12 municípios.

Você está vendo na nota que saiu na mídia que “o período de coleta de preços para cálculo do IGP-M de dezembro foi do dia 21 de novembro a 20 de dezembro”. O IGP-M é sempre assim, a aferição dos preços é entre o dia 21 do chamado mês anterior e o dia 20 do mês de referência (no presente caso, dezembro).

Pegamos agora no site http://www.coreconsp.org.br/ a variação do IGP-M durante todo este ano:
DEZEMBRO - 0,13%
NOVEMBRO + 0,38%
OUTUBRO + 0,98%
SETEMBRO + 0,11%
AGOSTO - 0,32%
JULHO + 1,76%
JUNHO + 1,98%
MAIO + 1,61%
ABRIL + 0,69%
MARÇO + 0,74%
FEVEREIRO + 0,53%
JANEIRO + 1,09%

Observem que no mês de agosto último e agora em dezembro o sinal foi negativo, o que representa que não ocorreu INFLAÇÃO (“aumento contínuo e generalizado dos preços”, mas isso é assunto para outra postagem), mas, sim, DEFLAÇÃO. A DEFLAÇÃO é chamada de “inflação negativa”, ou o “oposto da inflação”: DEFLAÇÃO É A QUEDA GENERALIZADA DOS PREÇOS. É, gente, no cômputo geral os preços regrediram neste mês; mas aí você pode estranhar: "poxa, tal produto ficou mais caro e os economistas dizem que houve deflação, que zorra é essa?" Lembre o que escrevemos acima, não são TODOS OS PRODUTOS que entram no cálculo da inflação. Para a deflação em dezembro alguns produtos tiveram ALTA DE PREÇO e outros REDUÇÃO NO PREÇO, exemplos de produtos que maiores contribuíram (informações constantes em http://www.fgv.br/dgd/asp/index.asp ) :

TOMATE (entra no IPC): alta de 64,80%
CACAU (entra no IPA): alta de 17,03%
TINTA A BASE DE PVA (entra no INCC): alta de 2,09%
LIMÃO (entra no IPC): redução de 28,78%
NAFTA PARA PETROQUÍMICA (entra no IPA): redução de 28,82%
CONDUTORES ELÉTRICOS/FIOS E CABOS (entram no INCC): redução de 6,43%

NOTA: conforme pode ser visto na SEÇÃO "DEU NA MÍDIA", mesmo com deflação em agosto e em dezembroo ano de 2008 "fecha" com uma inflação de 9,81%.
QUER SABER MAIS SOBRE IGP-M E A DEFLAÇÃO EM DEZEMBRO, ACESSE
http://www.fgv.br/dgd/asp/index.asp

A PREFEITURA VIROU LOJA

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA”: jornal A Tarde de hoje, nota constante na Capa do Jornal, referente a matéria sobre “despesas” no início do ano (IPTU, IPVA, escola,):
“IPTU. Vale a pena pagar adiantado e tentar conseguir um bom desconto”.
SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA”: é, gente, o relógio marcava 5 e 20 quando peguei o Jornal A Tarde e li, logo na capa do jornal, essa aberração, dizendo que pagando o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) adiantado você pode(????) tentar (?????) conseguir um bom desconto. O pagamento do IPTU pode ser parcelado (geralmente até 11 cotas), ou pode ser feito em cota única COM DESCONTO DE 10%; esse desconto já vem estipulado no carnê, já é fixo, não tem como se “conseguir um bom desconto” como o jornal colocou. Em loja é que pagando à vista a gente fica “chorando”, negociando, um desconto. Pisada na bola Jornal A Tarde.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

BOLSA DE VALORES I

TENHO RECEBIDO MUITOS PEDIDOS PARA FALAR SOBRE O FUNCIONAMENTO DA BOLSA DE VALORES. COMO É UM ASSUNTO BEM EXTENSO VOU COMEÇAR HOJE E, PAULATINAMENTE, COLOCAREI MAIS INFORMAÇÕES.
1. São várias as formas de se constituir uma empresa. Exemplos:
a) Firma Individual;
b) Sociedade Comercial por Quotas de Responsabilidade Limitada (Ltda.);
c) Sociedade Anônima (S/A);
d) Etc.
O tipo de Companhia que nos interessa aqui é a Sociedade Anônima (S/A.), regida pela Lei 6.404/76 e leis posteriores: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm). As Sociedades Anônimas também são tratadas no novo Código Civil (instituído pela Lei n° 10.406/02, que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, artigos 1.088 e 1.089):
http://planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm .

Quando é constituída uma S/A significa que o capital da Empresa é dividido em cotas denominadas de AÇÕES. E aqui vem meu primeiro alerta: muita gente acha que toda S/A tem suas ações negociadas na Bolsa de Valores (no caso do Brasil, na BOVESPA-Bolsa de Valores de São Paulo), isso é um engano. Tem ações negociadas na BOVESPA as Companhias (S/A.) DE CAPITAL ABERTO. Existe um outro tipo de S/A., que são as Sociedades Anônimas de CAPITAL FECHADO, que não têm ações negociadas no mercado de valores mobiliários.

EXEMPLO: acessei agora o site do UOL e encontrei a seguinte informação:

“Kalunga investe em expansão e se prepara para virar S/A.
Basta passar em frente a uma das novas lojas da Kalunga para perceber que a empresa está em fase de mudanças. Mas por trás da reformulação visual das lojas e das recentes inaugurações em pontos nobres da capital paulista - como as avenidas Paulista e Rebouças - está a decisão de profissionalizar a gestão e se tornar uma S/A.
Em entrevista ao UOL Business, Damião Garcia, presidente da Kalunga, fala sobre a nova fase da maior distribuidora de materiais escolares e produtos para escritório e informática do Brasil. 'Há tempos eu venho batalhando por isso. Felizmente agora, de um ano para cá, decidimos fazer essa mudança', diz Garcia, que descarta a possibilidade de abrir capital. "A Kalunga vai continuar sendo uma empresa de capital fechado, porque felizmente não temos necessidade de buscar capital para investimentos." (o negrito foi meu). Então, esse é o tipo de Empresa que vai se transformar numa SOCIEDADE ANÔNIMA, mas vai ser uma SOCIEDADE ANÔNIMA DE CAPITAL FECHADO, vai ter ações mas essas não serão vendidas (negociadas) na Bolsa de Valores. Diferentemente da SOCIEDADE ANÔNIMA DE CAPITAL ABERTO que, aí sim, as ações são negociadas na Bolsa.

Atualmente existem cerca de 500 empresas listadas na BOVESPA, o que é muito pouco para o tamanho da economia brasileira. Quer ver a relação de todas as empresas que estão na BOVESPA? Clique em http://www.bovespa.com.br/Principal.asp .

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

OLHEM QUE NOME BONITO: formação bruta de capital fixo

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA”: Coluna “Opinião Econômica” da última terça-feira, 23.12, autor: Benjamin Steinbruch (Diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional): A única certeza é que vivemos momentos de incerteza. Então, o melhor que temos a fazer às vésperas do Natal, é cuidar de dois aspectos que podem ser determinantes para os meses que vêm por aí.
O primeiro aspecto diz respeito ao nível de emprego, fator-chave para a definição da temperatura da economia nos próximos meses. O segundo aspecto é o investimento. Os números do terceiro trimestre também surpreenderam no item investimento, que cresceu 19,7% em um ano, recorde desde que o IBGE passou a divulgar esses dados, em 1.996. Com esse resultado, a taxa de investimento, que os economistas chamam de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), atingiu 20,4%. Quando a taxa de investimento chega a esse nível – razoável em termos internacionais, mas muito bom para o Brasil -, significa que o parque produtivo do País terá capacidade para aumentar sua produção nos próximos anos sem provocar inflação.

SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA”:
Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF): significa o aumento da capacidade produtiva de um país; é o investimento que os empresários fizeram, principalmente em máquinas, equipamentos e material de construção, ou seja, se está aumentando esse tipo de investimento significa que o empresariado está confiante quanto ao futuro da economia; se as empresas estão comprando mais máquinas, por exemplo, isso significa que elas estão se preparando para produzir mais bens de consumo (roupa, geladeira, fogão, etc). Agora vamos relacionar a FBCF com a INFLAÇÃO DE DEMANDA e com a TAXA SELIC
(v. http://economistaivangargur.blogspot.com/2008/12/selic-e-taxa-selic.html).
Como vimos na postagem de 11.12 quando o Conselho de Política Monetária-COPOM (v. http://economistaivangargur.blogspot.com/2008/12/copom.html) diminui a TAXA SELIC a tendência é que diminua o custo do empréstimo (lembre que o “preço do dinheiro é a taxa de juros”), logo isso facilita que o empresário possa recorrer a empréstimos no sistema financeiro para adquirir as tais máquinas e equipamentos, logo: uma MENOR TAXA SELIC deve facilitar a COMPRA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS aumentando a capacidade de produção (OFERTA) das Empresas. E a FBCF com a INFLAÇÃO DE DEMANDA?

INFLAÇÃO DE DEMANDA: muita gente fala que é quando aumenta a demanda (procura) agregada por determinado produto, na realidade essa é uma definição incompleta pois se aumentar a demanda (procura) por um determinado produto e existir esse produto em quantidade suficiente, não tem como termos INFLAÇÃO DE DEMANDA; exemplo: se as pessoas querem comprar um determinado modelo de computador e existir, no mercado, esse computador em quantidade suficiente para atender a todo mundo então o preço do computador não sofrerá acréscimo, logo, não teremos INFLAÇÃO DE DEMANDA, agora, caso a quantidade de computador não atenda a todo mundo – ou seja, a produção, a oferta, for pequena -, então podemos ter aumento do preço do computador; EM RESUMO: INFLAÇÃO DE DEMANDA é quando aumenta a demanda agregada EM RELAÇÃO à oferta agregada. Tudo isso para relacionar, agora, INFLAÇÃO DE DEMANDA com TAXA SELIC. Vocês já viram como o Banco Central resiste a reduzir a TAXA SELIC, ao contrário, durante o primeiro semestre constantemente veio aumentando a taxa, motivo: o medo, justamente, da demanda aumentar muito e a oferta (produção), não conseguir atender a demanda, logo gerando inflação. Pois bem, na medida em que cresce a FORMAÇÃO BRUTA EM CAPITAL FIXO, ou seja, aumenta a taxa de investimento, ou seja (de novo), as empresas compram mais máquinas e equipamentos, elas estão se preparando para produzir mais justamente para atender uma maior demanda; é a capacidade de OFERTA (PRODUÇÃO) crescendo, isso vai facilitar (permitir) que o COPOM reduza a taxa SELIC, pois mesmo que a DEMANDA aumente as Empresas estarão prontas para atender esse aumento de demanda, logo a tendência é que não haja inflação (de demanda).

domingo, 21 de dezembro de 2008

RESERVAS INTERNACIONAIS

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA”: Jornal “Gazeta Mercantil” deste final de semana (19 a 21.12.08), pág. B1: Reservas crescem apesar de ação do BC. Ganho com títulos do Tesouro dos EUA mais que compensam venda de dólares. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o Brasil gastou US$ 9,8 bilhões das reservas internacionais para conter a alta do dólar desde o início da crise financeira global, mas que isso não é problema. As perdas já foram repostas e o estoque das reservas não pára de crescer, atingindo US$ 209,2 bilhões, segundo as últimas posições do BC. No final de outubro, auge da turbulência financeira, as reservas somavam US$201,3 bilhões. Meirelles explicou que o aumento do estoque de reservas deve-se à remuneração das aplicações feita com os dólares brasileiros no Exterior. Os títulos do Tesouro norte-americano estão se valorizando e isso se reflete nas reservas do BC.
SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA”:
RESERVAS INTERNACIONAIS – Do mesmo modo que uma pessoa pode ter uma poupança, os países também têm, só que a “poupança” do país é denominada de Reservas Internacionais. Um bom nível de reservas é traduzido em maior credibilidade do país, é sinal de uma economia mais estável. Essa “poupança” é formada por moedas fortes e aceitas internacionalmente. É um fator importante para ajudar um país a enfrentar crises (como agora que a crise imobiliária nos EUA se espalha pelo mundo, um dos pontos mais favoráveis ao Brasil para enfrentar essa crise é, justamente, o nível das Reservas Internacionais). É claro que esse dinheiro não fica “parado”, o Banco Central, que é quem administra essas Reservas, investe esse dinheiro. Tradicionalmente considera-se que o país tem de ter de Reservas, no mínimo, o equivalente a três meses de importação. Exemplo: entre julho e outubro deste ano o Brasil importou cerca de 17 bilhões de dólares por mês ( http://www.bcb.gov.br/?SERIEBALPAG ), então o nível mínimo de Reservas do Brasil seria em torno de 51 bilhões de dólares; como vimos na Seção “DEU NA MÍDIA” acima nosso nível encontra-e em torno de 200 bilhões de dólares (o nível das Reservas em 18 de dezembro de 2008 era de US$ 208.473 milhões: http://www4.bcb.gov.br/?RP20081218 ). Pois bem, por motivos que não vamos discutir hoje, após a crise norte-americana o valor do dólar começou a subir muito em relação ao Real (era de R$1,59 em 30 de junho último e encontra-se, agora, em R$2,38 (“pesquei” esse valor no jornal Folha de São de Paulo de hoje). Pois bem, com o dólar mais caro (que significa que nossa moeda, o Real, está mais barato), quem importa sai perdendo pois vai pagar mais caro pela importação, e lembrem que não estou falando só em importação de bens de consumo não, falo também em importação de matérias-primas (temos produtos que 80 a 90% da matéria-prima utilizada para a fabricação é importada). O que faz o governo para tentar “segurar” um pouco o dólar e não deixar ele ficar mais caro ainda: tira dólares justamente das nossas Reservas Internacionais, coloca esses dólares no mercado, ou seja, “vende” esses dólares, pois com mais dólares agora no mercado, (“colocados” pelo Governo), o preço do dólar não deve subir muito. Ficou confuso? É por que você tem de imaginar a moeda como uma mercadoria, se tiver muito muito tomate no mercado, o valor do tomate não cai? A mesma coisa a moeda (no caso, o dólar), o governo ao “colocar” dólares no mercado quer que o valor dele caia, ou, pelo menos, deixe de subir. Mas aí vem aquela história, o governo tira dólares das reservas, “bota” no mercado para segurar o preço dele, mas e no nível das Reservas? Se o governo fizer isso continuamente nossas Reservas vão para o beleléu (eita palavrinha feia), nossa credibilidade e estabilidade idem. Então vamos lá para cima: Seção “DEU NA MÍDIA”: o governo sacou quase 10 bilhões de dólares da “poupança” – Reservas - “para conter a alta do dólar desde o início da crise financeira global”, então era para o nível das Reservas ter diminuído em quase 10 bilhões (e a gente começar a se preocupar, né?). Mas você observou que, lá no início, eu disse que o Banco Central investe o dinheiro das nossas Reservas (já que dinheiro não pode ficar parado)? Pois bem, um dos investimentos que o Banco Central fez foi pegar parte do dinheiro das Reservas e comprar títulos públicos do governo norte-americano (é, a crise começou lá no mercado hipotecário, bancos, seguradoras e empresas quebraram, mas investir em título do governo norte-americano ainda é considerado um negócio seguro). Pois bem, com a valorização desses títulos, a remuneração dessas aplicações do governo superaram os quase 10 bilhões dólares que foram retirados das nossas Reservas, então nossas Reservas acabaram aumentando e não diminuindo como era de ser esperar. Falando no popular: uma coisa acabou compensando a outra, no caso, mais do que compensou.

Olha, vou tentar dar um exemplo comigo para ver se concluo com uma maior clareza:
vamos supor que eu tenha cem mil reais na caderneta de poupança (ninguém me peça emprestado que é só um exemplo, não tenho não viu, gente), e que, também, eu tenha comprado 5 mil reais em títulos do governo brasileiro (LTN-Letras do Tesouro Nacional – v. postagem de 18.12), então minha “riqueza” se resumiria a essa poupança e a esse investimento em LTN; vamos supor agora que saquei 10% da minha poupança, ficando só com 90 mil reais (fiquei mais pobre, não foi?), mas se no mesmo período a LTN tenha tido uma valorização, e os meus 5 mil em LTN passaram a valer agora 20 mil, fiquei mais pobre? Não, pois o rendimento da LTN (15 mil) mais do que compensou o saque que fiz na caderneta de poupança (10 mil).

FINALIZANDO: com o aumento das Reservas e, paralelamente, a redução da nossa Dívida Externa, o Brasil é, pela primeira vez na história, credor líquido, ou seja, se fosse o caso o Brasil poderia quitar todas as dívidas (mas claro que ninguém quer isso pois seria necessário, praticamente, zerar as Reservas Internacionais).

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

DPMFi (que sopas de letras, hein?)

Uma das formas do governo captar recursos é vender Título Público, que é, entre muitas outras, uma alternativa para as pessoas investirem seu dinheiro. A venda de Título Público é um dos instrumentos de Política Monetária. Quando se fala em “dívida mobiliária do governo” ou “dívida pública interna” (DPMFi – Dívida Pública Mobiliária Federal interna) está se referindo, justamente, ao montante de Títulos Públicos que foi vendido ao público. Vamos supor, leitor(a), que ontem o governo emitiu títulos públicos e você os comprou, significa que ontem aumentou a dívida interna do governo e você, de posse desses títulos, passou a ser credor do governo. É você “emprestando” dinheiro para o governo e a garantia de recebimento é o título. No título consta a data do resgate (data em que você recebe seu dinheiro de volta e o título “volta” para o governo), e como seu dinheiro será corrigido. Esses títulos são emitidos pelo Banco Central ou pelo Tesouro Nacional (Ministério da Fazenda), mas nos últimos anos o Banco Central não tem feito emissões. Hoje, com R$100,00 (cem reais), já é possível, pela internet, adquirir esses títulos (basta acessar o site do Tesouro Direto abaixo indicado).

EXEMPLOS DE TÍTULOS PÚBLICOS:
LTN – Letra do Tesouro Nacional
NTN-F: Nota do Tesouro Nacional – Série F
NTN-F: Nota do Tesouro Nacional – Série C
LFT: Letra Financeira do Tesouro.

Existem três modalidades de venda desses títulos:
a) oferta pública com a realização de leilão;
b) oferta pública mas sem a realização de leilão (via Tesouro Direto: v. acima); e
c) emissões diretas para atender a necessidades específicas determinadas em lei (vou dar um exemplo do que vem a ser isso: no site do Banco Central consta que a emissão e venda do título público “NTN P – Nota do Tesouro Nacional Série P” teve como finalidade específica “o repasse de recursos oriundos das privatizações às empresas estatais, detentoras do capital da empresa privatizada”).

As mais recentes informações disponíveis são referentes ao mês de outubro 2008:

1. As emissões de títulos públicos federais internos alcançaram R$ 15,4 bilhões, assim distribuídos:

R$ 11,2 bilhões (72,55%) em títulos com remuneração prefixada (no título já constava a forma de correção do valor; não importa se você comprou um título para vencer, vamos supor, em 2045, a correção já está prefixada);

R$ 2,9 bilhões (18,67%) em títulos indexados à taxa SELIC - v. http://economistaivangargur.blogspot.com/2008/12/selic-e-taxa-selic.html (o que o investidor vai receber na data do vencimento do título vai depender da variação da taxa SELIC; se você comprou um título em novembro/2008, por exemplo, com vencimento para dezembro/2011, sua remuneração vai depender da variação da taxa SELIC nesse período);

R$ 1,1 bilhão (7,30%) em títulos remunerados por índices de preços (vamos supor que no título consta que a remuneração será pelo IGP-M*, o que o investidor vai receber na data do vencimento do título vai depender da variação do IGP-M; considerando o exemplo da taxa SELIC acima sua remuneração vai depender da variação do IGP-M entre novembro/2008 e dezembro;2011);

R$ 188,0 milhões (1,22%) em títulos indexados à TR** (o que o investidor vai receber na data do vencimento do título vai depender da variação da TR, mesmo raciocínio dos dois exemplos anteriores).

OBS.: nessa emissão o menor prazo de vencimento foi abril 2009 (para alguns títulos),
enquanto o prazo mais longo foi o ano de 2045 (para outros tipos de títulos).

2. Já o total de resgates de títulos da DPMFi em outubro foi de R$ 28,4 bilhões

OBS.: isso significa que no mês de outubro, considerando APENAS o resgate (R$28,4 bi) e as emissões (R$15,4 bi) a Dívida Pública Mobiliária Federal interna reduziu em R$13 bilhões (R$28,4 MENOS R$15,4).

3. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna em outubro era de R$1.226,27 (um trilhão, duzentos e vinte e seis bilhões), assim composta (em bilhões):

PREFIXADOS (no título já consta como o valor será corrigido): R$386,31(31,50%)

ÍNDICE DE PREÇOS (a remuneração vai depender da variação
do índice de preços que consta no título, é o exemplo que dei
acima com o IGP-M) R$364,81(29,75%)

SELIC (a remuneração vai depender da variação da taxa SELIC) R$444,70(36,26%)

CÂMBIO (a remuneração vai depender da variação da moeda
estrangeira que consta no título, pode ser o dólar, por exemplo) R$ 12,10( 0,99%)

TR (a remuneração vai depender da variação da TR) R$ 18,35( 1,50%)

T O T A L R$1.226,27(100,00%)

4. Composição da DPMFi quanto ao prazo de vencimento dos títulos:

Até 12 meses 26,38%
De 1 a 2 anos 26,02%
De 2 a 3 anos 10,30%
De 3 a 4 anos 11,86%
De 4 a 5 anos 5,75%
Acima de 5 anos 19,69%

T O T A L 100,00%

ATENÇÃO: o comprador do título público não precisa esperar a data do vencimento do título para "devolver" o título ao Tesouro Nacional e receber seu dinheiro, existe a possibilidade de vendê-lo antecipadamente ao próprio Tesouro Nacional (semanalmente o Tesouro faz as "recompras"), ou vender no mercado secundário (outros investidores).


Quem saber mais? Acesse:
http://www.bcb.gov.br/htms/Infecon/FinPub/cap6p.pdf
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/


*IGP-M: Índice Geral de Preços do Mercado, é um dos índices de preços (mede a inflação); é calculado pela Fundação Getúlio Vargas; é utilizado, por exemplo, em contrato de aluguel de imóvel

**TR: Taxa Referencial; é uma taxa de juros que é a média dos juros aplicados pelas 30 maiores instituições financeiras, depois que é tirada essa média é aplicado um redutor; é utilizada, por exemplo, para corrigir o dinheiro depositado na Caderneta de Poupança (em futuras postagens trataremos, com mais detalhes, do IGP-M e da TR).

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

GOVERNO ABRE "SACO DE BONDADES"

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA” – Jornal A Tarde (Agência Folhapress, Brasília), de 12.12.08, pág. B6: Pacote de R$8,4 bi contra a crise. O governo federal anunciou, ontem, medidas de desoneração de impostos para estimular o consumo. A previsão do próprio governo de que o País corre risco de recessão no início de 2009 levou o Ministério da Fazenda a acelerar a adoção das medidas divulgadas ontem para aumentar a renda do consumidor e reduzir pressões sobre o câmbio. Ao todo, a Receita vai abrir mão de R$8,4 bilhões em impostos para beneficiar os consumidores no próximo ano.

SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA”
1ª “bondade” (ou necessidade?): o governo já vinha estudando aumentar o número de faixas do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF)*, pois com a existência de apenas três faixas quem perde mais é a classe média, mas claro que a crise e a necessidade de estimular o consumo acelerou a adoção da nova tabela. COMPARANDO AS TABELAS:

TABELA A VIGORAR ATÉ 31.12.08:


















SALÁRIOALÍQUOTAPARCELA A DEDUZIR
Quem ganha até 1.372,81Isento-
Quem ganha de 1.372,82 até 2.743,2515,0%205,92
Quem ganha acima de 2.743,2527,5%548,82


TABELA A VIGORAR A PARTIR DE 01.01.09:


























SALÁRIOALÍQUOTAPARCELA A DEDUZIR
Quem ganha até 1.434,59Isento-
Quem ganha de 1.434,60 até 2.150,007,50%107,59
Quem ganha de 2.150,01 até 2.866,7015,0%268,84
Quem ganha de 2.866,71 até 3.582,0022,50%483,84
Quem ganha acima de 3.582,027,5%662,94


EXEMPLO: um contribuinte que ganha R$2.400,00 bruto (vamos considerar que ele não tem dependente, ou seja, não tem direito a nenhum abatimento):

R$2.400,00 (salário bruto) – R$264,00 (11% referente ao INSS) = R$2.136,00 (salário líquido)

TABELA ATUAL:
15,0% de R$2.136,00 = R$320,40 – R$205,92 (parcela a deduzir) = R$114,48 (valor descontado, mensalmente, do salário do contribuinte a título de Imposto de Renda Pessoa Física)

TABELA A PARTIR DE 01.01.99:
7,50% de R$2.136,00 = R$160,20 – R$107,59 (parcela a deduzir) = R$52,61 (valor a ser descontado, mensalmente, do salário do contribuinte a título de Imposto de Renda Pessoa Física)

OBSERVAÇÃO: o consumidor terá a mais na mão dele, por mês, R$61,87 (R$114,48 – R$52,61)

2ª “bondade” (ou necessidade?): novo I.P.I. – Imposto sobre produtos industrializados** para automóveis: como o setor automobilístico é um dos mais afetados pela crise econômica, pelo fato de depender muito do crédito (o que está mais difícil neste momento, com a redução do prazo e o aumento das taxas de juros), o governo reduziu a cobrança do I.P.I., agora é aguardar que a indústria automobilística repasse para o preço do carro essa redução do imposto (quando o governo aumenta o imposto os empresários repassam para o preço do produto, vamos esperar agora que repassem a redução):
NOVA TABELA:



























CILINDRADAGASOLINAÁLCOOL/FLEX
1.000 redução de 7% para 0%redução e 7% para 0%
De 1.001 a 2.000redução de 13% para 6,5%redução de 11% para 5,5%
Mais de 2.000 continua 25%continua 18%
Picape até 1.000redução de 8% para 1%redução de 8% para 1%
Picape de 1.001 a 2.000 redução de 8% para 4%redução de 8% para 4%



ACESSE http://g1.globo.com/Noticias/Carros/0,,MUL920908-9658,00.html e leia a matéria: “Após redução de IPI, carros populares têm preços reduzidos”

3ª “bondade” (ou necessidade?): a alíquota máxima do I.O.F – Imposto sobre Operações Financeiras** foi reduzida de 3% a.a.(ao ano) para 1,5% a.a. nas operações de crédito ao consumidor, o que representa uma redução de 0,0082% ao dia para 0,0041% ao dia.
EXEMPLO:
a) um empréstimo de R$10.000,00 para ser quitado em 90 dias pagaria de I.O.F.:
0,0082% ao dia X 90 dias = 0,7380%
0,7380% de R$10.000,00 = R$73,80

b) o mesmo empréstimo vai pagar agora de I.O.F.:
0,0041% ao dia X 90 dias = 0,3690%
0,3690%% de R$10.000,00 = R$36,90

* I.R.P.F. é um imposto direto, o contribuinte é taxado (descontado) diretamente na fonte (no salário)
**O I.P.I. é um imposto indireto, seu valor está embutido no preço final do produto (vai ser pago, então, pelo consumidor); foi criado em 1966; do total que o governo federal arrecada com o I.P.I. parte é distribuído entre os Estados e os Municípios (tanto o I.R.P.F como o I.P.I. serão mais detalhados em uma postagem específica sobre Tributos)
ATENÇÃO: optamos por apresentar aqui as três medidas que afetam, diretamente, o bolso do consumidor, a 4ª medida (empréstimos para empresas que têm dívidas em dólar a vencer em 2009), vamos abordar em outro momento, até por que vai ser necessário explicar o que são “Reservas Internacionais” de um país e o que é “dívida externa privada” (diferenciando, inclusive, de “dívida interna privada” e de “dívida externa pública”).
NOTA LEITORES: deu para perceber que ainda estou "apanhando" do blog e não consegui colocar os valores em coluna, tanto na tabela do I.R. como na tabela do I.P.I., mas vou ver como se faz e depois corrijo.






segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

EBITDA ou LAJIDA (entendeu alguma coisa?)

EBITDA - Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization, a sigla em português é LAJIDA Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. É um indicador financeiro para analisar a situação de uma Empresa; bastante utilizado pelos analistas, em especial os que trabalham no mercado de capitais. O EBITDA mostra o resultado operacional da Empresa, ou seja, diz respeito à atividade mesmo da Empresa, não leva em conta, por exemplo, despesas e receitas financeiras (exemplo: não considera possíveis juros que a Empresa recebeu no mercado financeiro). Então, aí sim é possível analisar se a Empresa é competitiva naquilo que faz, pois mede com mais precisão a produtividade e a eficiência do negócio. Permite mensurar o desempenho da atividade fim do negócio e o quanto essa atividade fim gerou de recursos para a Empresa.

NÍVEL EBITDA – quando se fala que uma Empresa tem um EBITDA, vamos supor, de 30% do faturamento, significa que, cada um real que ela faturou (vendendo produtos ou prestando serviços) gerou 30 centavos para o caixa da Empresa.
É um indicador importante para comparar o desempenho da Empresa com a concorrência e, também, a possibilidade de inserção no mercado internacional (lembrem que outros países têm impostos diferentes e regras de depreciação diferentes), então o EBITDA – que não leva em consideração esses itens – vai permitir que a Empresa compare seu desempenho OPERACIONAL com outras em outros países.
Lembram que alguns anos atrás, quando a inflação era altíssima e aplicar dinheiro em banco dava um alto retorno, muitas empresas eram, “aparentemente” lucrativas mas, na realidade, as operações dela eram deficitárias, o que encobria isso era o juro auferido nas aplicações financeiras, quando veio o Plano Real e “jogou” a inflação lá para baixo o que ocorreu? O retorno dessas aplicações financeiras “despencou” e apareceu a real situação dessas Empresas, e diversas quebraram (não procuraram ser competitivas no SEU NEGÓCIO, ganhavam dinheiro apenas no mercado financeiro).


ATENÇÃO 1: não existe consenso sobre a qualidade desse indicador, o EBITDA, mas uma coisa é certa, a análise bem feita de uma empresa DEVE envolver a análise de vários indicadores, e não apenas de um só indicador.


Se você quer saber mais sobre o EBITDA e tem algum conhecimento sobre Contabilidade acesse http://www.guiacontabil.hpg.com.br/ebtida.pdf . Foi desse site que tiramos o exemplo de como se calcular o EBITDA:

D.R.E. – Demonstração do Resultado do Exercício:
Vendas da Empresa 1.800.000,00
- CMV – Custo das Mercadorias Vendidas* 1.080.000,00
= Lucro Bruto 720.000,00
- Despesas Operacionais (com Vendas e Administrativas) 396.000,00
= EBITDA 324.000,00
- Depreciação 130.000,00
- Despesas Financeiras 79.200,00
+ Receitas Financeiras 3.600,00
= Lucro Líquido antes do IRPJ** e da CSLL** 118.400,00
- IRPJ e CSLL 37.900,00
= LLE – Lucro Líquido do Exercício 80.500,00

ATENÇÃO 2: notaram que para o cálculo do EBITDA só foi considerado o que diz respeito à parte operacional da Empresa? Observem que depreciação, Impostos, receitas e despesas financeiras, tudo isso só “apareceu” depois do EBITDA.

*CMV de uma Empresa para um determinado período = Estoque Inicial de mercadorias + Compras de mercadorias no período - Estoque Final de mercadorias (inventário)
**Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

- x -

1. EBITDA NA IMPRENSA:
“A receita líquida da Petrobras atingiu R$ 67,46 bilhões no terceiro trimestre, alta de 52% em comparação ao mesmo período de 2007. No ano, a receita apresenta um aumento de 35%, para R$ 168,921 bilhões. A geração de caixa medida pelo EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações, na sigla em inglês) da Petrobras somou R$ 15,68 bilhões, alta de 20% ante o terceiro trimestre de 2007. No acumulado do ano, o EBITDA aumentou 24%, atingindo R$ 47,686 bilhões”. (o negrito foi nosso)
(http://www.estadao.com.br/economia/not_eco276089,0.htm)

“A Embraer registrou lucro líquido de R$ 656,972 milhões em 2007. A geração de caixa medida pelo EBITDA (lucro antes de despesas financeiras, impostos, depreciação e amortizações) caiu 6,6%, para R$ 889,1 milhões no ano passado. A margem EBITDA recuou de 11,5% em 2006 para 8,9% em 2007”. (o negrito foi nosso)
(http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/03/14/lucro_da_embraer_cresce_56_em_2007_para_r_657_mi_1229196.html)

2. EBITDA NO RELATÓRIO ANUAL DAS EMPRESAS:
No site da COELBA localizamos os indicadores econômico-financeiros da Empresa (coloquei apenas alguns indicadores a título de curiosidade, mas o importante aqui é o EBITDA):
2004 2005 2006
Receita Operacional Bruta (R$ mil) 2.925.452 3.847.344 4.011.724
Receita Operacional Líquida (R$ mil) 2.065.672 2.702.117 2.734.343
Lucro Líquido (R$ mil) 344.163 581.445 540.559
EBITDA (R$ mil) 651.787 1.133 .696 1.037.449

- X-

OBSERVAÇÃO:

Em outro momento falaremos sobre:

Depreciaçao.

Despesas .

sábado, 13 de dezembro de 2008

SELIC e TAXA SELIC

SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA” – No SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) são registradas as negociações com títulos públicos federais* (aqueles emitidos pelo Tesouro Nacional – Ministério da Fazenda – e pelo Banco Central). O SELIC também faz a custódia desses títulos.

A TAXA SELIC, conforme vimos na postagem de 11.12, é fixada pelo COPOM (Conselho de Política Monetária). O que destaco com meus alunos em sala de aula é a necessidade de se entender a TAXA SELIC como a taxa básica (a referência) para todo o sistema financeiro. Lembrem que na reunião desta semana o COPOM decidiu manter a TAXA SELIC em 13,75% ao ano. Quando o COPOM aumenta a TAXA SELIC a tendência é que as taxas do mercado financeiro (financiamento, empréstimo, cartão de crédito, cheque especial, etc etc) aumentem, ou seja, o crédito fica mais caro. Então, claro, o COPOM reduzindo a TAXA SELIC a tendência é que as taxas do mercado financeiro diminuam (o crédito fica mais barato). Sendo assim, a TAXA SELIC é um instrumento de política monetária*: quando a inflação começa a subir o COPOM aumenta a TAXA SELIC para desestimular a demanda (procura) fazendo com que os empresários “segurem” o preço dos produtos. Mas é claro que é uma política que, ao reduzir a demanda, está freando o crescimento do país, logo, não gera emprego. O oposto: com inflação menor o COPOM pode reduzir a TAXA SELIC, a expectativa é que o consumidor compre mais (pois espera-se uma redução nas taxas do cheque especial, cartão de crédito, etc), logo teremos uma maior geração de emprego pois as empresas vão produzir mais.

Outra função da TAXA SELIC: quando uma pessoa parcela um débito que tem com algum órgão federal (Receita federal, ou outro), os valores são corrigidos, mensalmente, pela TAXA SELIC (exemplo: quem declarou Imposto de Renda no mês de abril e teve um imposto a pagar para a Receita, e resolveu parcelar esse pagamento, as parcelas mensais serão corrigidas pela TAXA SELIC). O contrário: a TAXA SELIC também corrige a devolução do Imposto de Renda, agora mesmo saiu o 7° lote do Imposto de Renda (lembre que a declaração foi em abril), o valor que a Receita Federal está restituindo para o contribuinte também é corrigido pela TAXA SELIC.

TAXA SELIC e o capital especulativo: com uma maior TAXA SELIC os rendimentos das aplicações financeiras também sobem, então o capital estrangeiro especulativo* (capital de curto prazo, ou “capital motel” como denominou o economista Carlos Lessa) entra com mais facilidade no país, mas é um capital que, da mesma forma que foi trazido com facilidade para aproveitar as altas taxas de juros também pode, a qualquer momento, ser retirado do país causando instabilidade. PAROU AQUI? NÃO. E A QUESTÃO CAMBIAL? Como é um tema (entre muitos outros em economia) controverso veremos, também em outra oportunidade, se a TAXA SELIC influencia o câmbio.

* Em outro momento falaremos com detalhes sobre:
1. títulos públicos federais
2. política monetária
3. capital estrangeiro especulativo
4. capital estrangeiro produtivo
5. câmbio

P.S.:
- meu paciente leitor, essa é a dificuldade (e o gostoso) na Economia, uma “coisa” vai puxando “outra” e por aí adiante, vejam que fui tentar explicar a TAXA SELIC e “fui levado”, no mínimo, para títulos públicos federais, política monetária, câmbio, etc etc. Em outra oportunidade falaremos sobre isso;
- MESMO QUE TENHA FICADO UM POUCO CONFUSO, OU COM MUITOS DETALHES, ACREDITO QUE FICOU CLARA A IMPORTÂNCIA DA TAXA SELIC PARA A ECONOMIA.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

PRÓXIMAS POSTAGENS

Quero agradecer as sugestões que os colegas e amigos estão dando para novos assuntos. Listo abaixo os próximos temas (caso não aconteça algo de extraordinário na área de economia que precise ser tratado com urgência):

Funcionamento das Bolsas.

Política monetária.

Capital estrangeiro especulativo.

Capital estrangeiro produtivo.

Câmbio .

Despesas Operacionais (com Vendas e Administrativas).

Depreciação.

Tributos (inclusive a diferença entre imposto direto e imposto indireto).

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

COPOM

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA”:

Site do UOL (http://economia.uol.com.br/ultnot/valor/2008/12/10/ult1913u98886.jhtm): “10/12/2008 - 08h09. Decisão do Copom é o destaque da quarta-feira. SÃO PAULO - Hoje, os investidores conhecem a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa de juro brasileira. A expectativa é de estabilidade da Selic em 13,75% ao ano. A atenção recai no placar da decisão, que pode dar uma pista sobre o próximo movimento do colegiado, que muitos acreditam ser de baixa de juro. Como a decisão será apresenta após o encerramento dos mercados, a reação fica para a quinta-feira. (Eduardo Campos Valor Online)”

SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA”:

COPOM – CONSELHO DE POLÍTICA MONETÁRIA - Instituído em 20 de junho de 1996. A partir do Decreto 3.088, de 21 de junho de 1999, as decisões do COPOM passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional (órgão máximo do SFN-Sistema Financeiro Nacional). Tem como objetivos: implementar a política monetária, definir a meta da Taxa SELIC* e seu eventual viés*, e analisar o 'Relatório de Inflação'". As reuniões ordinárias do COPOM dividem-se em dois dias: a primeira sessão às terças-feiras e a segunda às quartas-feiras. São oito reuniões (ordinárias) por ano sendo que o calendário dessas reuniões é divulgado até o fim de outubro do ano anterior (então o calendário das reuniões de 2009 foi divulgado até outubro passado).
Calendário das reuniões para 2009:
20 e 21 de janeiro
10 e 11 de março
28 e 29 de abril
9 e 10 de junho
21 e 22 de julho
1º e 2 de setembro
20 e 21 de outubro
8 e 9 de dezembro

O COPOM é composto pelos membros da Diretoria do Banco Central do Brasil:
- o presidente, que tem o voto de qualidade,
- diretor de Política Monetária,
- diretor de Política Econômica,
- diretor de Estudos Especiais,
- diretor de Assuntos Internacionais,
- diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro,
- diretor de Fiscalização, Liquidações e Desestatização,
- diretor de Administração.

Na primeira sessão, ou seja, na terça-feira, também participam da reunião:
- chefe do Departamento Econômico (Depec),
- chefe do Departamento de Operações das Reservas Internacionais (Depin),
- chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban),
- chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab),
- chefe do Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep),
- gerente-executivo da Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin),
-três consultores,o secretário-executivo da Diretoria, o assessor de imprensa, o assessor especial e, sempre que convocados, outros chefes de departamento convidados a discorrer sobre assuntos de suas áreas.

ATENÇÃO: na reunião de ontem, 10.12, o COPOM decidiu manter a SELIC em 13,75% a.a. (ao ano), sendo que a Ata dessa reunião será divulgada dia 18.12 (a Ata é divulgada sempre na quinta-feira da semana seguinte).
Quer saber mais sobre COPOM acesse http://www.bcb.gov.br/?COPOM , de onde foram extraídas essas informações.

*Achamos por bem, em outra postagem, falar sobre a SELIC e o viés

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

FUNDING (calma, não é o que você está pensando não)

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA”:

Jornal Folha de São Paulo de 07.12.08, pág. B3: “Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, dificilmente a indústria automobilística e vários outros setores vão deixar de rever seus investimentos por conta da crise. ‘O setor privado só investe se tiver ‘funding’ e boas expectativas de vendas e lucros. Neste momento, não há nem um nem outro’, afirma”.

SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA”:

FUNDING – troca de uma dívida de curto prazo por outra de longo prazo, com a emissão de novos títulos; consolidação financeira de tal forma que as dívidas que eram de curto prazo passem a ser fixadas num prazo adequado à maturação* do investimento e sua amortização**.

* retorno
** pagamento gradual de uma dívida

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

SUBPRIME. SECURITIZAÇÃO. ALAVANCAGEM.

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA”:
Economista Yoshiaki Nakano, em matéria publicada na revista Conjuntura Econômica da Fundação Getúlio Vargas, mês de novembro/08 (págs. 14-16): “CONTÁGIO – É preciso entender que um processo que se iniciou com o problema de insolvência (prevista) dos empréstimos imobiliários subprime, portanto setorial e localizada, revelou-se que abrangia todo o sistema financeiro com a securitização das hipotecas subprimes e alavancagem excessiva das instituições financeiras.”

SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA”:

SUBPRIME - segunda linha; empréstimo a pessoas com histórico de crédito desfavorável (histórico de inadimplência; maus pagadores); no caso da crise que explodiu nos EUA em setembro último a origem foi, justamente, o crédito hipotecário subprime; enquanto o crédito PRIME é de baixo risco o SUBPRIME é de alto risco.

SECURITIZAÇÃO – uma dívida (uma hipoteca, por exemplo), é convertida (transformada) em título e é vendida para investidores; as hipotecas referentes aos empréstimos imobiliários nos EUA tinham sido revendidas a bancos, que as revenderam novamente a outros bancos (e a investidores), e assim por diante; “atravessaram” até o Oceano na medida em que instituições européias também adquiriram esses títulos. A questão é que, se o tomador inicial do empréstimo não quita a dívida o problema se espalha como um efeito dominó.
Falando em números (um exemplo com dados extraídos de http://www.bndes.gov.br/conhecimento/visao/visao_44.pdf):
no ano de 2006 foi emitido um total de US$2.980.000.000.000,00 em hipotecas (é, é isso mesmo, quase 3 trilhões de dólares num ano), desse total 20%, ou seja, 600 bilhões de dólares era de empréstimos subprime (alto risco), e 80% dos empréstimos de alto risco, ou seja, 483 bilhões de dólares, eram de hipotecas subprimes securitizadas (foram transformadas em títulos e tinham sido vendidas para investidores).
Se quer saber mais sobre SECURITIZAÇÃO acesse: www.cibrasec.com.br/ .

ALAVANCAGEM (FINANCEIRA) – uso de recursos de terceiros em suas operações; todo Banco trabalha “alavancado” pois utiliza recursos de terceiros (credores) para emprestar para outros (devedores). Exemplo: eu visualizo a oportunidade de ganhar dinheiro comprando ações de determinada empresa, só que eu não disponho do capital para adquirir as ações, então peço dinheiro emprestado (a juros), e com esse empréstimo eu compro as ações; o que eu fiz? Estou usando dinheiro de terceiros (que passa a ser meu credor) para fazer um investimento (estou ALAVANCADO), ou seja, é preciso que o retorno do investimento nas ações seja um montante tal que permita que eu pague minha dívida (com os juros) e ainda tenha um ganho. A questão nos bancos e em empresas não é a alavancagem em si, pois bem utilizada pode-se ganhar muito dinheiro, mas se o grau de alavancagem for muito alto o risco de se perder dinheiro também é muito alto. Nessa crise nos EUA perderam mais os bancos que tinham títulos hipotecários dos EUA e que estavam, também, com alavancagem muito alta.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

RECESSÃO

SEÇÃO "DEU NA MÍDIA": com a crise iniciada nos Estados Unidos muito se tem falado sobre "país A já está em recessão", "país B vai estar em recessão no ano de 2009", e por aí afora.

SEÇÃO "DESCOMPLICANDO A ECONOMIA": conceitualmente considera-se um país em recessão quando ocorre retração do PIB-Produto Interno Bruto durante dois trimestres consecutivos. Muita gente faz confusão considerando recessão como sinônimo de "menor crescimento econômico":

1º) se o país A produziu, vamos supor, 800 bilhões de dólares no trimestre janeiro a março/2008, produziu 750 bilhões no trimestre abril a junho/2008, e produziu 700 bilhões no trimestre julho a setembro/2008, ele está em recessão; observem que o PIB tem tido retração, a cada trimestre o país A tem produzido menos;

2º) se o país B produziu, vamos supor, 700 bilhões no trimestre janeiro a março/2008 e produziu 770 bilhões no trimestre abril a junho/2008, ele teve um aumento no PIB de 10% (700 bi + 70 bi), e se agora, no trimestre julho a setembro/2008, esse país, produziu aproximadamente 808 bi, ele teve um aumento no PIB de 5% (770 + 38); observe que do primeiro para o segundo trimestre o PIB aumentou 10% e do segundo trimestre para o terceiro o PIB cresceu apenas 5%, mas, de qualquer maneira, houve crescimento do PIB (diferente do País A, que, conforme vimos acima, produziu menos), então o país B está tendo uma redução no crescimento da economia e não uma recessão.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

ESSE TAL DE IMPOSTO

SEÇÃO "DEU NA MÍDIA": No jornal de Esportes do jornal A Tarde do último sábado, 29.11.08, tem, na pág. 6, uma matéria intitulada "Um leão indesejável...", referente às despesas que um clube de futebol (no caso, o Esporte Clube Vitória), tem durante uma partida. No corpo da matéria consta que de todo o faturamento do Vitória nas bilheterias do Barradão, durante o campeonato brasileiro, uma grande parte, mais especificamente R$1.439.303,94, não ficou com o clube mas, sim, com o Leão do Imposto de Renda, pois diz respeito aos impostos. Primeiro quero comentar que a figura do Leão simboliza apenas um tipo de Imposto, no caso, o Imposto de Renda que é arrecadado pela Receita Federal, a imprensa quando trata de outros impostos (I.P.I.-Imposto sobre Produtos Industrializados, ICMS-Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, etc etc) não faz alusão ao Leão da Receita Federal. Segundo, e muito mais grave ainda, é que o autor da matéria, ao listar os 18 supostos impostos pagos pelo clube, incluiu:
- aluguel de campo (com o Vitória isso nem vem ao caso, pois o clube é o proprietário do Barradão, mas mesmo que se tratasse, realmente, de "aluguel de campo", claro que esse quesito não é um imposto);
- pagamento do quadro móvel (FBF-Federação Bahiana de Futebol): funcionários da FBF que trabalharam no dia do jogo;
- pagamento do anti-doping;
- pagamento da arbitragem, auxiliares, reservas e outros;
- seguro para os árbitros;
- quadro móvel do clube;
- FBF ingressos (confecção dos ingressos).
- etc etc.
Não precisa ser expert em economia para perceber que esses quesitos dizem respeito a despesas diversas, e não são impostos, como consta no título e no corpo da matéria.
SEÇÃO "DESCOMPLICANDO A ECONOMIA": sempre estamos a repetir que "pagamos muitos impostos ao governo", tudo bem que de uma forma ou outra é dinheiro que sai dos nossos bolsos, mas vamos tentar arrumar essa confusão: o que pagamos, sob as diversas denominações, são TRIBUTOS:
- TRIBUTOS: formam a receita da União, Estados e municípios; os TRIBUTOS se dividem em:
a) imposto (Imposto sobre Produtos Industrializados, por exemplo);
b) contribuição (para o INSS, por exemplo):
c) taxa (de lixo urbano, por exemplo);
d) empréstimo compulsório: o governo pode criar em situações de emergência (em 1986 o governo de José Sarney criou um empréstimo compulsório, que podia chegar a 30%, sobre o valor de aquisição de automóvel, e também sobre consumo de gasolina e álcool).