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domingo, 21 de dezembro de 2008

RESERVAS INTERNACIONAIS

SEÇÃO “DEU NA MÍDIA”: Jornal “Gazeta Mercantil” deste final de semana (19 a 21.12.08), pág. B1: Reservas crescem apesar de ação do BC. Ganho com títulos do Tesouro dos EUA mais que compensam venda de dólares. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o Brasil gastou US$ 9,8 bilhões das reservas internacionais para conter a alta do dólar desde o início da crise financeira global, mas que isso não é problema. As perdas já foram repostas e o estoque das reservas não pára de crescer, atingindo US$ 209,2 bilhões, segundo as últimas posições do BC. No final de outubro, auge da turbulência financeira, as reservas somavam US$201,3 bilhões. Meirelles explicou que o aumento do estoque de reservas deve-se à remuneração das aplicações feita com os dólares brasileiros no Exterior. Os títulos do Tesouro norte-americano estão se valorizando e isso se reflete nas reservas do BC.
SEÇÃO “DESCOMPLICANDO A ECONOMIA”:
RESERVAS INTERNACIONAIS – Do mesmo modo que uma pessoa pode ter uma poupança, os países também têm, só que a “poupança” do país é denominada de Reservas Internacionais. Um bom nível de reservas é traduzido em maior credibilidade do país, é sinal de uma economia mais estável. Essa “poupança” é formada por moedas fortes e aceitas internacionalmente. É um fator importante para ajudar um país a enfrentar crises (como agora que a crise imobiliária nos EUA se espalha pelo mundo, um dos pontos mais favoráveis ao Brasil para enfrentar essa crise é, justamente, o nível das Reservas Internacionais). É claro que esse dinheiro não fica “parado”, o Banco Central, que é quem administra essas Reservas, investe esse dinheiro. Tradicionalmente considera-se que o país tem de ter de Reservas, no mínimo, o equivalente a três meses de importação. Exemplo: entre julho e outubro deste ano o Brasil importou cerca de 17 bilhões de dólares por mês ( http://www.bcb.gov.br/?SERIEBALPAG ), então o nível mínimo de Reservas do Brasil seria em torno de 51 bilhões de dólares; como vimos na Seção “DEU NA MÍDIA” acima nosso nível encontra-e em torno de 200 bilhões de dólares (o nível das Reservas em 18 de dezembro de 2008 era de US$ 208.473 milhões: http://www4.bcb.gov.br/?RP20081218 ). Pois bem, por motivos que não vamos discutir hoje, após a crise norte-americana o valor do dólar começou a subir muito em relação ao Real (era de R$1,59 em 30 de junho último e encontra-se, agora, em R$2,38 (“pesquei” esse valor no jornal Folha de São de Paulo de hoje). Pois bem, com o dólar mais caro (que significa que nossa moeda, o Real, está mais barato), quem importa sai perdendo pois vai pagar mais caro pela importação, e lembrem que não estou falando só em importação de bens de consumo não, falo também em importação de matérias-primas (temos produtos que 80 a 90% da matéria-prima utilizada para a fabricação é importada). O que faz o governo para tentar “segurar” um pouco o dólar e não deixar ele ficar mais caro ainda: tira dólares justamente das nossas Reservas Internacionais, coloca esses dólares no mercado, ou seja, “vende” esses dólares, pois com mais dólares agora no mercado, (“colocados” pelo Governo), o preço do dólar não deve subir muito. Ficou confuso? É por que você tem de imaginar a moeda como uma mercadoria, se tiver muito muito tomate no mercado, o valor do tomate não cai? A mesma coisa a moeda (no caso, o dólar), o governo ao “colocar” dólares no mercado quer que o valor dele caia, ou, pelo menos, deixe de subir. Mas aí vem aquela história, o governo tira dólares das reservas, “bota” no mercado para segurar o preço dele, mas e no nível das Reservas? Se o governo fizer isso continuamente nossas Reservas vão para o beleléu (eita palavrinha feia), nossa credibilidade e estabilidade idem. Então vamos lá para cima: Seção “DEU NA MÍDIA”: o governo sacou quase 10 bilhões de dólares da “poupança” – Reservas - “para conter a alta do dólar desde o início da crise financeira global”, então era para o nível das Reservas ter diminuído em quase 10 bilhões (e a gente começar a se preocupar, né?). Mas você observou que, lá no início, eu disse que o Banco Central investe o dinheiro das nossas Reservas (já que dinheiro não pode ficar parado)? Pois bem, um dos investimentos que o Banco Central fez foi pegar parte do dinheiro das Reservas e comprar títulos públicos do governo norte-americano (é, a crise começou lá no mercado hipotecário, bancos, seguradoras e empresas quebraram, mas investir em título do governo norte-americano ainda é considerado um negócio seguro). Pois bem, com a valorização desses títulos, a remuneração dessas aplicações do governo superaram os quase 10 bilhões dólares que foram retirados das nossas Reservas, então nossas Reservas acabaram aumentando e não diminuindo como era de ser esperar. Falando no popular: uma coisa acabou compensando a outra, no caso, mais do que compensou.

Olha, vou tentar dar um exemplo comigo para ver se concluo com uma maior clareza:
vamos supor que eu tenha cem mil reais na caderneta de poupança (ninguém me peça emprestado que é só um exemplo, não tenho não viu, gente), e que, também, eu tenha comprado 5 mil reais em títulos do governo brasileiro (LTN-Letras do Tesouro Nacional – v. postagem de 18.12), então minha “riqueza” se resumiria a essa poupança e a esse investimento em LTN; vamos supor agora que saquei 10% da minha poupança, ficando só com 90 mil reais (fiquei mais pobre, não foi?), mas se no mesmo período a LTN tenha tido uma valorização, e os meus 5 mil em LTN passaram a valer agora 20 mil, fiquei mais pobre? Não, pois o rendimento da LTN (15 mil) mais do que compensou o saque que fiz na caderneta de poupança (10 mil).

FINALIZANDO: com o aumento das Reservas e, paralelamente, a redução da nossa Dívida Externa, o Brasil é, pela primeira vez na história, credor líquido, ou seja, se fosse o caso o Brasil poderia quitar todas as dívidas (mas claro que ninguém quer isso pois seria necessário, praticamente, zerar as Reservas Internacionais).

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